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Sábado, 2 de Junho de 2007

Homens esquizofrénicos, mulheres disléxicas

Apetece-me escrever, mas nem sei bem por onde começar. Apetece-me dizer, gritar, espremer o que me vai na alma, esgotar o assunto até ao último ponto de interrogação, para que não haja mais reticências.

 

Já aqui disse uma vez que vivemos com eles, damos-lhe colo, partilhamos a mesma cama e passamos anos assim. Mas, apesar de tudo, não os conhecemos. Falo - claro está - dos homens. Mas também poderia falar de algumas mulheres, que fazem sofrer alguns dos meus amigos...

 

Alguém um dia disse que os Homens são de Marte e as Mulheres de Vénus. Nós, românticas, idealistas, sonhadoras... Eles, guerreiros, práticos, pragmáticos... Claro que todas as generalizações são perigosas. Mas, as generalizações são isso mesmo. Algo que se aplica à maioria. E a maioria tem excepções.

 

Falando da generalidade, cada vez mais me convenço que os Homens vêm de outro planeta qualquer, diferente de Marte, e muito parecido com a Esquizofrenia (sem ofensa para quem, realmente, padece desta doença e não tem culpa nenhuma que determinados indivíduos supostamente saudáveis se comportem de forma incoerente). Nuns dias amam, adoram, desejam, querem... Nos outros não amam, não adoram, não desejam, não querem... Ou pior, amam, adoram, desejam e querem... outra qualquer. Isto tudo num espaço de dias ou, até, com diferença de horas. Sem apelo nem agravo. Sem qualquer consideração, remorso ou peso na consciência.

 

Enquanto mulher, que lida de forma repetitiva com homens afectados por estes comportamentos díspares, tento atribuir causas para tais atitudes, tento justificar de acordo com a personalidade do indíviduo em questão, tento compreender... e estico a corda até ao limite. Às vezes, até um limite além da razoabilidade, um limite que nunca deveria ser ultrapassado. Mas que é ultrapassado, em nome de um qualquer sentimento, de uma esperança, de um rumo que se procura... e não se acha.

 

E quando se quer remediar tal esforço vão, já é tarde. A corda - já tão esgaçada - partiu. Sem conserto, nem remendo possível. E, com ela, parte-se o coração, a auto-estima, o amor-próprio.

 

Até que ponto se deve ceder? Até quando se deve acreditar e ouvir sem julgar? Cada pessoa tem os seus limites e, pelos vistos, os limites dos Homens mudam ao ritmo da plasticina: moldam-se consoante as conveniências. Num dia, com uma pessoa de quem supostamente gostam, não estão preparados para relacionamentos. No outro, com alguém que surje de repente, sabe-se lá de onde, estão preparados para tudo. Dão o corpo, a cama, a vida. Talvez seja amor. Ou talvez, não. Talvez seja a conveniência, o estar perto, o estar ali, o dar jeito (como escreveu MST).

 

As Mulheres também não vêm de Vénus. A realidade tem-lhes matado o romantismo, os ideais, os sonhos. As desilusões fazem-nas maldizer o dia em que acreditaram nas histórias de príncipes e princesas, nas quais, depois de afastar a bruxa, havia um final feliz.

 

Mas, nos dias que correm, há mais bruxas que príncipes e princesas. E já não há heróis que montam em cavalos brancos para salvar donzelas.

 

"Love is just physical these days", canta o Robbie Williams. E, às vezes, nem isso é. O físico cansa, passa, cai na monotonia, perde a piada. E, depois disso, é preciso ir em busca da novidade. Como se nada mais importasse. Como se os sentimentos não existissem, como se o mais importante não fosse estar unido na alma.

 

A sociedade é cada vez mais exigente, sobretudo para as mulheres. Têm de ser profissionais, bonitas, inteligentes, boas amigas, boas namoradas, boas mães. Têm de ser pessoas ocupadas, mas estar disponíveis. Têm de estar sempre bem arranjadas, sem parecerem artificiais. Têm de ser confiantes, sem parecerem arrogantes. Têm de parecer acessíveis, sem serem fáceis. Têm de ser... muito mais do que elas próprias. Têm de ser o que os outros querem que elas sejam, para, depois do esforço, ouvirem que o mais importante é serem elas próprias.   

 

Dar resposta às exigências, cansa. Até, porque, a tendência é para querer cada vez mais e dar cada vez mais. E o cansaço acumula. E é físico e psicológico. Por isso, exige um escape, uma fuga. Uma fuga da realidade, do que nos rodeia e de nós próprias. Mas essa fuga nem sempre é para longe. Por isso, acabamos por direccioná-la para pequenos momentos do dia-a-dia. Alguns saudáveis, outros nem tanto.

 

Enquanto procuramos dar resposta, procuramos, simultaneamente, fugir. Enquanto procuramos ser nós próprias, procuramos, simultaneamente, estar mais perto do ideal (por mais diferente que ele seja). Enquanto procuramos o sonho, tentamos viver a realidade. Por isso, talvez nós venhamos de um planeta semelhante à Dislexia. Saltamos letras e sonhos. Apagamos ideais, que já não podemos ter. Baralhamos sentimentos, que já não nos convêm. Resolvemos o que é complicado, mas não conseguimos solucionar o que deveria ser simples. Direccionamos afectos numa direcção, quando sabemos que é a errada, por não ser a desejada. Tudo para que os outros nos digam como somos. Para que os outros nos valorizem e nos lembrem quem somos. Porque no meio de uma amálgama de exigências, esquecemo-nos de nós próprias.

 

Talvez nada disto faça sentido. Talvez tudo isto tenha alguma lógica. Pelo menos, na minha cabeça. Perdão. No meu coração.

sinto-me: com vontade de fugir

publicado por IWonderWhy às 17:41

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De isabel costa a 4 de Dezembro de 2009 às 01:32
Ah! se eu tivesse o dom da escrita diria que foi escrito por mim . Quem diz que o coração não pensa?


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