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Ao ler o livro de uma das minhas séries de culto, deparei-me com uma catalogação da época em que vivemos verdadeiramente deliciosa: «Idade da Indecência». Claro que, à primeira vista, o nome parece um bocado moralista. Mas não é.
O que, na minha opinião, este rótulo pretende transmitir é um retrato da «nossa» época ou da actual/nossa geração. Lembro-me tão bem dos 15 anos... dos 18... dos 20. Dos amores platónicos, das paixões, do frio na barriga, das pernas a tremer, da ansiedade, de tudo o resto não importar... Só ele, o objecto do nosso amor, da nossa paixão.
Ontem, numa daquelas conversas de café, entre amigos, alguém disse: «Esses sentimentos não existem. As cócegas no estômago são fome, as pernas a tremer é nervosismo. A paixão é uma ilusão». Sim, talvez seja. E não é tão boa esta doce ilusão? Claro que depois de um sonho alto, muitas vezes (ou quase sempre) vem uma grande queda. Mas depois da ferida sarada - bem depois - a recordação dos bons momentos continua a acompanhar-nos. Se calhar é por isso que alguém disse: «Quem já amou, nunca se sente só».
E talvez seja pelo medo desta solidão que hoje vivemos a tal «Idade da Indecência». Não que sejamos todos amorais ou levianos. Muitas pessoas têm valores e procuram a estabilidade. Mas a rapidez com que se vive o dia-a-dia, a falta de tempo, a quantidade de pessoas que conhecemos e que se cruzam connosco todos os dias aumentam os sentimentos de incerteza e insegurança. Por isso andamos (quase) sempre insatisfeitos. Se temos um compromisso, gostávamos de ser solteiros. Se somos solteiros, sentimos falta de alguém. E é a tentar preencher esta falta que a maior parte de nós embarca em relacionamentos temporários e efémeros, em regime de part-time, «quando eu quero e a ti dá jeito», a viver o hoje, sem grandes promessas para amanhã. Porque naquele momento há um lugar que se ocupa, um espaço que se preenche, um ego que sobe.
Talvez seja um sinal de maturidade conseguir encarar o tempo actual como ele é, deixando de parte a utopia do príncipe encantado criada através das histórias que nos contavam na infância. Ou talvez seja um sinal de inteligência saber investir numa relação, saber geri-la e, sobretudo, saber quando é hora de desistir, quando já não há nada a fazer, para que não se perca o que sobrou de (um pouco de) uma vida em comum : as lembranças, o respeito, a amizade.